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A primeira Frankfurt você nunca esquece…

… especialmente se viajar pela Ibéria.

O dia estava meio cinza, “chuvento”, mas não muito frio em São Paulo. Depois de enfrentar um bocado de trânsito para chegar ao aeroporto, culpa de dois caminhões quebrados no caminho, nos apresentamos pro check in dentro do prazo sugerido. Claro, somos “meros passageiros” (e você vai entender isso daqui a pouco) então devemos ser cuidadosos com as regras ou não temos direito algum.

Atendimento muito bom no balcão da Ibéria, cartão de embarque na mão. Vamos relaxar e fazer um lanchinho. Temos uma hora pra isso. As coisas continuam indo bem, obrigado.

Lanchinho feito. Descansados. Hora de passar pela alfândega. Hum… isso vai levar algum tempo. Melhor preparar o nível de paciência…

Poxa, nem doeu! … A fila andou rápido, passei sem nem apitar nada, que coisa. Parece que desta vez a viagem vai ser agradável… calma, nem começou ainda. Parada rápida no free shop. E continuamos a caminhada. O portão é lá no fundo do terminal. Tranquilo. Lugar disponível pra sentar, tomada pra recarregar o celular e o notebook, será mesmo que vai ser assim tudo de bom?

É claro que não.

Voo previsto para 19h30. São 18h40 e a funcionária da Ibéria liga o microfone: “Senhores passageiros do voo Ibéria 0000, com destino a Madri. Devido a problemas operacionais, o voo vai atrasar alguns minutos e o novo horário previsto de partida é 19h15, mas pode antecipar. Obrigada.”

Hein?! Como assim? O voo seria às 19h30; vai atrasar e vai sair às 19h15, podendo antecipar?! Que coisa maluca é essa? E não é que a moça repete?! Meu amigo e companheiro de viagem vai conferir essa loucura – estou tomando conta do notebook que está recarregando…

“Ah, bom. Agora sim. A tripulação está presa no trânsito na Marginal e se atrasou. O que foi adiado foi o embarque. A decolagem ainda pode acontecer sem muito atraso.” (Esse foi o Fernando, meu companheiro de viagem)

Entendeu agora porque escrevi “meros passageiros” no primeiro parágrafo? Se qualquer passageiro ficasse preso na Marginal, ou em qualquer outro lugar, “tava ferrado”. Mas vamos continuar.

Com cerca de uma hora de atraso, estávamos prontos para decolar. Preocupante, já que nossa conexão em Madri tinha apenas uma hora de intervalo. Mas vamos ter fé.

Mais alguns minutos e começamos a rodar pelas pistas do Aeroporto Internacional Governador Franco Montoro – o nome é quase maior do que o aeroporto.

Clanc. Plunk, Noc, noc… Clunc… Clunc… Clunc…

Ô-oh…

“Señores pasajeros. Habla el comandante. Tenemos un barullo en la bodega e vamos a parar para verificación. Esso no demora mas de 5 a 10 minutos.” – desculpe, fraquíssimo o meu portunhol, mas foi mais ou menos isso que ele disse. De qualquer maneira, você entendeu: vamos atrasar mais.

Os dez minutos se tornaram quinze ou vinte. Ufa, agora vai! Nada!

“Tem um barulho aqui. O barulho é aqui embaixo da minha poltrona. Eu não vou voar nesse avião!”, gritava uma passageira tresloucada, com todo apoio de seu companheiro. E lá se foram mais dez minutos até que o comandante da aeronave viesse e dissesse: “Temos total segurança, dois pilotos e quatro mecânicos verificaram tudo, e vamos partir. Esse barulho deve ser tal coisa [desculpa, ele falava espanhol e não entendi].”

Dona Louca ficou mais louca ainda: “’Deve ser’ não significa que é. Você não tem 100% de certeza! Quero descer. Não vou viajar neste avião!”, bradava pra todos ouvirem.

“Se eu tivesse 100% de certeza não seria comandante, seria Deus.”, encerrou a discussão. E vamos nos por novamente em movimento. Resultado? Duas horas de atraso!

Adivinha o que aconteceu com nossa conexão em Madri!

Barajas, aeroporto de Madri. Um A340 lotado aterrissa; metade dos passageiros desembarcados têm problema de conexão e o balcão de atendimento da Ibéria tem apenas dois atendentes! Imagina agora o tamanho da fila. “Ai Jesuis, pensei que era só em terras Tupiniquins…”

Bom, quinze minutos depois chegam mais duas atendentes. E a fila anda um pouco melhor. Nossa vez.

“Tínhamos uma conexão para Frankfurt, mas não vamos ficar em Frankfurt, ainda continuaremos viagem até Colônia e Nettetal. Se formos muito tarde não conseguiremos […]” – quem disse que a mocinha estava me ouvindo? Nem uma palavra. “Seu voo é às 19h50. Todos os anteriores estão lotados. Aqui está sua passagem, desça até o HJK e procure nosso atendimento para receber o voucher. Próximo!!” [essa já foi a legenda; não me atrevo a tentar escrever o que ela disse em espanhol]

Desistimos. Talvez lá onde pegamos o voucher, consigamos pelo menos conversar. Verdade. Conseguimos conversar. Finalmente alguém atencioso e educado. Mas… claro que não é possível.

Abre parêntese.

Faltou contar que “achamos” nosso colega das letras Alfredo Weizsflog na bendita fila do primeiro atendimento – na verdade, ele já havia sido atendido quando nos vimos. Mas encontrá-lo foi a parte boa dessa história.

Fecha parêntese.

Tá ficando grande essa história, mas não consigo resumir uma saga de, até aqui 25 horas, em menos palavras – e olha que estou escrevendo no avião, ainda a caminho de Frankfurt. E aí tem mais história…

Almoçamos com o Alfredo e depois fomos a um café, tomar o dito e trabalhar um pouco numa área wi-fi. E ouvir algumas boas histórias do nosso companheiro. Mas isso fica pra outro post.

Ótimo. Hora do embarque. Vamos ao portão, “o qual seja”, K87. Uma caminhada boa, mas sem estresse. Ainda deu tempo pra um sorvete. Hora do embarque. Graças a Deus! Agora vamos.

Será?

Todos a bordo. Portas trancadas. Tripulação pronta para decolagem. Para decolagem… decolagem… … … …

“Señores pasajeros, por problemas de tráfago en el aeropuerto de Madrid, tenemos un atraso e decolaremos a las 8:30. Pero en diez minutos estaremos saliendo para nos posicionar en la pista.” [de novo, algo mais ou menos assim, que o meu pobre portunhol não permite fazer melhor]

E aqui estou, torcendo para conseguir chegar a Frankfurt em tempo de ainda pegar o trem para Colônia, onde meu amigo, o filósofo-diretor de documentários-roqueiro, Theo Ross, me espera.

Vou dormir um pouco pra ver se o tempo passa mais rápido.

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